Existência digital humano e floresta.

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Entre a Terra e os dados: um chamado para o phygital

Hoje existimos em dois mundos que já não podem ser separados. Nosso corpo sente o vento, pisa no chão, percebe o calor do sol. Ao mesmo tempo, nossos olhos se voltam para uma tela, recebemos notificações, olhamos imagens que vêm de lugares distantes. O físico e o digital não são mundos separados. Vivemos a fusão dos dois. Somos seres phygitais.

Essa condição poderia nos dispersar, transformar cada experiência em fragmento. Mas também pode nos tornar mais inteiros. Toda percepção é vivida no corpo. O digital não é um mundo paralelo; ele entra em nós como extensão da nossa sensibilidade. Quando observamos uma imagem de satélite de uma floresta, sentimos, de certo modo, sua presença, mesmo à distância. O phygital é essa presença expandida, que prolonga nosso corpo e nossa atenção para além do que antes era possível.

Essa extensão sensorial abre uma oportunidade: não apenas olhar, mas cuidar. Sensores, satélites e dados não substituem a experiência direta, mas revelam camadas do mundo que seriam invisíveis de outra forma. A floresta, agora, fala conosco em pixels, índices e alertas, e cabe a nós escutá-la.

É nesse horizonte que iniciativas como a Forest Watch se tornam essenciais. A plataforma conecta dois mundos: no digital, imagens, mapas e alertas em tempo real; no físico, florestas, rios e comunidades que respiram vida. Essa ponte phygital serve para cuidar, fortalecer decisões conscientes e dar voz a quem protege o planeta. O digital se coloca a serviço da Terra.

Podemos imaginar futuros em que as pessoas aprendam a interpretar os sinais digitais da floresta. Comunidades que monitoram seus territórios com autonomia. Governos que compartilham informações ambientais como bem comum. Pode ser o canto da floresta traduzido em dados, uma voz que chega até nós para lembrar que estamos conectados, mesmo quando não vemos.

Estamos diante de uma escolha. Podemos usar essa extensão digital para nos tornar mais atentos, mais presentes, mais conscientes. Existir hoje é existir também no digital. E essa é uma oportunidade: perceber que estamos, mais do que nunca, vivos,  presentes e conectados no mundo.

“Quando procuramos eternizar um pedaço de terra, acabamos descobrindo que somos eternizados por ela.”

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